EtniCidades é com C maiúsculo  mesmo! Trata-se de uma provocação para pensar que as cidades amazônicas não são formadas apenas pela ancestralidade europeia. A presença indígena e negra são fundamentais para a cosntituição de nossos corpos, nossas práticas culturais, nossas identidades. Enfim as ancestarlidades indígenas e africanas são fundamentais para a cosntituição das cidades amazônicas.

      Na verdade, no século XXI, não podmeos mais acreditar em um discurso que invente cidades com uma única ancestarlidade.

      Como percebemos a pluralidade étnica das cidades amazônicas?

Como sujeitas e sujeitos se sentem ou se ressentem nas paisagens urbanas na região?

       Belém, nosso ponto de partida, é uma cidade latino-americana, ela guarda em sua geopolítica marcas profundas do processo de colonização que colocou à margem de qualquer direito os povos africanos e indígenas. Assim se delineiam as periferias da cidade, que ao longo desses mais de 400 anos elegeu a memória europeia como uma espécie de memória oficial da cidade. No século XXI, as marcas deste processo continuam excluindo as matrizes africanas e indígenas. Mas sabemos que essa processo de subalternização e exclusão não se limita às fronteiras da capital paraense e pode ser compreendido em todas as cidades da Pan-Amazônia.

 

EtniCidades afro-amazônicas: narrativas e identidade na Terra Firme
Projeto de Extensão 2022-2023

     Belém é uma cidade latino-americana que guarda em sua geopolítica, marcas profundas do processo de colonização que colocou à margem de qualquer direito os povos africanos e indígenas. Assim se delineiam as periferias da cidade, que ao longo desses mais de 400 anos elegeu a memória europeia como uma espécie de memória oficial da cidade. No século XXI, as marcas deste processo continuam excluindo as matrizes africanas e indígenas.

    O GEDAI-CNPq, Grupo de Estudos Mediações e Discursos com Sociedades Amazônicas, liderado pela Profa. Dra. Ivânia dos Santos Neves, coordenadora do projeto “Etnicidades Afro-Amazônicas, Danças, Narrativas e Identidades na Terra Firme” já desenvolveu uma série de pesquisas acadêmicas sobre etniCidades Amazônicas, com o objetivo de mostrar a formação étnica da cidade de Belém e de outras cidades da Amazônia. A realização desse projeto de extensão representou uma experiência significativa de interação com a sociedade, num bairro de periferia da cidade de Belém, onde o Índice de Desenvolvimento Humano apresenta índices negativos.

    Os resultados das oficinas reforçaram os diagnósticos de nossas pesquisas, no sentido de revelam o silenciamento das ancestralidades indígenas e africanas entre os moradores de Belém. Mas, para além desses diagnósticos, a realização das oficinas e a produção do videoarte e do documentário representaram um momento de intervenção nessa realidade. Num processo dialógico, em que a universidade também aprendeu bastante com a comunidade, pudemos, junto com sujeitas e sujeitos da Terra Firme, remexer as ancestralidades da cidade. E, certamente, depois dessas ações, tantos os diretamente envolvidos, como as pessoas que venham a assistir às produções desse projeto, vão repensar a constituição do bairro da Terra Firme, e por extensão, da cidade de Belém.        As atividades do projeto aconteceram em três diferentes etapas: planejamento das oficinas, realização de 04 oficinas, e a realização de 03 produtos: uma página de divulgação do projeto no gedaiamazonia.com.br, o videoarte “Um canto a Maíra” e o documentário “EtniCidades Amazônicas: o bairro da Terra Firme em Belém”.

O projeto desenvolveu atividades que promoveram um intenso intercâmbio com moradores do bairro da Terra Firme. Se a princípio estava destinado a envolver crianças e adolescentes, à medida em que as ações foram acontecendo, ostras sujeitas e sujeitos de relevo no bairro foram convidados a participar das discussões sobre o bairro. Também ganhou relevo a história de constituição da Terra Firme, a relação dos moradores com o Rio Tucunduba, a condição de periferia de uma cidade da Pan-Amazônia e a relação delicada dos moradores do bairro com as universidades.

Periferias Pan-Amazônicas

Palafitas de Iquitos no Peru e na Terra Firme em Belém

Cidade de Iquitos - Peru
Cidade deBelém - Terra Firme no Brasil

Sobre o Rio Tucunduba

    Na sexta edição do Vocabulário Tupi-Guarani Português, o professor doutor Francisco da Silveira Bueno, aponta como significado da palavra “Tucunduba-Tucunduva”: “De tucumdyba, a árvore do tucum. Se provier de tucu-ty-ba, será o lugar onde crescem estas palmeiras”. Já no livro “O Selvagem” (1876), o general Couto de Magalhães reuniu várias narrativas de sociedades indígenas, devido o seu contato com estes povos, entre elas, a origem da noite.

     Para os antepassados dos Tupinambá e dos povos Tupi, existia somente o dia, não havia animais e todas as coisas falavam. A noite ficava guardada em um caroço de tucumã, sob a vigília da Cobra Grande, que o escondia bem no fundo de um rio. Porém, a pedido da filha da Cobra Grande, três indígenas foram buscar o caroço de tucumã, em um episódio de desobediência e curiosidade, ao abrirem o fruto proibido, “soltaram a noite”. 

    O mesmo caroço de tucumã é elemento caro na obra do romancista paraense Dalcídio Jurandir (1900-1979), em especial no livro “Chove nos Campos de Cachoeira”, no qual o caroço de tucumã domina do início ao fim do romance, configurando-se como personagem.  Narrativas e nomes entrelaçados que talvez possam estar despercebidos em nosso cotidiano contemporâneo, mas que fazem sentido ao olharmos para o território Mairi, a área que conhecemos como Belém, que um dia foi território de sociedade indígenas.   

    Tucunduba não é sinônimo de vala, lixão ou canal. Tucunduba é um “rio- resistência” de Belém do Pará, que atravessa pessoas, mercadorias, histórias e narrativas da comunidade. Um “rio-resistência” que oferece o seu entorno aos moradores como área de plantação. Um rio que resiste ao tempo, ao processo de urbanização acelerado e sem planejamento, que silenciou parte de sua memória.   

     O projeto de extensão da UFPA: “Práticas Vivenciais para o Reconhecimento de Bacias Hidrográficas Urbanas”, realizado em parceria com a ONG “Ame o Tucunduba” (atualmente chamada Mandí), aponta cincos bairros que compõem a bacia hidrográfica do Tucuncuba: Marco, Canudos, Terra Firma, Guamá e Universitário, alcançando um total de 10 Km². Uma das nascentes está preservada, localizada em uma residência no bairro do Marco, e a foz está na Universidade Federal do Pará, limite entre os bairros da Terra Firme e Guamá. 

     Grande parte da população ainda não (re)conhece a importância do rio Tucunduba. Da nascente até a foz, o Tucunduba se fragmenta de diversas maneiras, mudando de coloração em alguns trechos, devido às intervenções humanas, em outros, os canais e moradias roubam a caracterização de um rio tão importante. Porém, para muitos moradores a relação com o Tucunduba é carregada de muito afeto e valorização.

Videoarte Um Canto a Maira

Documentário

EtniCidades Amazônicas: o bairro da Terra Firme em Belém

           O documentário reuniu uma série de depoimentos de pesquisadores, professores, artistas para falar sobre diferentes aspectos da Terra Firme. Dividido em 04 blocos, o primeiro explica a definição de etniCidade e como as ancestralidades indígenas e africanas são apagadas da história do bairro. No segundo bloco o tema é a história do bairro, como ele foi se formando, seus problemas estruturais. O terceiro é dedicado ao Rio Tucunduba, a origem indígena do rio, a história de como ele foi, aos poucos, transformado e poluído e como, ainda hoje, faz sentido na vida dos moradores do bairro. No último bloco, as discussões giram em torno das periferias Pan-Amazônica e da relação das periferias com as universidades brasileiras.

           Allan Carvalho, bolsista do projeto, compôs a trilha sonoro do documentário, com duas canções que retratam a realidade do bairro da Terra Firme e uma especial para a origem indígena do Rio Tucunduba. A música e as letras estão completamente integradas ao documentário “EtniCidades Amazônicas: o bairro da Terra Firme em Belém”.

Projetos de Pesquisa desenvolvidos pelo GEDAI sobre EtniCidades Amazônicas

Projetos Concluídos

Projetos em andamento

400 anos depois

Mairi

Este projeto aconteceu… foi finaciado pelo CNPq

Projeto de doutorado desenvolvido no Programa de Pós-Graduação em Letras pela douotoranda Camille Nascimento

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