Na contemporaneidade, a sociedade da informação criou
diferentes suportes materiais para estabelecer os cada vez mais velozes processos de comunicação. Hoje, em meio a sociedades complexas, os discursos que circulam nos espaços abertos pelas novas tecnologias convivem com as novas e tradicionais formas de produzir sentidos. Este início de século exibe, em sua paisagem dinâmica, as diferentes possibilidades de mediações, como em nenhum
outro momento. Em meio a este mosaico contemporâneo de informação, em que se escreve a história do presente, atualizam-se memórias, recriam-se e se repetem
antigos discursos.
As sociedades amazônicas são parte integrante deste novo cenário internacional, inseridas nesta nova forma de globalização. Atualmente, a Amazônia está no centro das atenções internacionais, muito em função dos debates sobre ambiente e há uma imagem generalista das sociedades que vivem na região. Aos olhos internacionais, parece só haver populações indígenas isoladas dentro da floresta e se ignora a presença de mais de 17 milhões de habitantes, espalhados em grandes e pequenas cidades, em grandes e pequenas propriedades rurais, nas margens dos rios, em terras indígenas, em remanescente de quilombolas. Se por um lado existem grupos indígenas isolados na floresta, sem acesso à eletricidade e aos meios de comunicação de massa, por outro, há grandes metrópoles como Belém e Manaus, com um universo midiático bastante abrangente. Muito pouco, no entanto, se produziu de conhecimento acadêmico, em universidades da própria região, sobre a realidade da Amazônia em relação aos processos de mediação.
Desde 2010, as atividades deste grupo de pesquisa tomam como base as reflexões teóricas da análise do discurso, especialmente as discussões sobre mídia e identidade, fundamentadas pelas formulações de Michel Foucault sobre saber e poder. Também, em função do debate frequente entre questões locais e globais, são recorrentes abordagens que estabeleçam diálogo com as discussões dos Estudos Culturais. O objetivo deste Grupo, formado por pesquisadores e estudantes da graduação e da pós-graduação é reunir projetos de pesquisas e de extensão relacionados à história do presente e aos processos de mediação entre as sociedades amazônicas.
A partir de 2022, a participação de discentes estrangeiros no GEDAI aompliou ainda mais nossas reflexões sobre os tentáculos do dipositivo colonial, espalhado pelos territórios onde o europeu estabeleceu seu empreendimento colonial. Nossos alunos de Angola e do Timor Leste vindos de países cuja língua portuguesa está na base da colonização ampliou decisivamente as nossas reflexôes sobre ancestralidade e governo da língua.
Ivânia dos Santos Neves
(Coordenadora do Gedai)