Na manhã de quarta-feira, 04 de setembro, os pesquisadores Geciel Ranieri e Thaianny Dias, alunos da linha de Estudos Linguísticos do Programa de Pós-Graduação em Letras (PPGL) e integrantes do Grupo de Estudos Mediações e Discursos na Amazônia (GEDAI), estiveram na Turma de Letras – Língua Inglesa, 2023, da Faculdade de Letras do Campus Universitário do Tocantins/Cametá da Universidade Federal do Pará (UFPA), onde o Prof. Me. Geciel Ranieri está atuando como professor colaborador no Componente Curricular Fundamentos da Educação.
Nesta ocasião, a Profa. Ma. Thaianny Dias ministrou uma aula sobre “A Educação Intercultural e a Inclusão de Indígenas Surdos”, compartilhando suas experiências e pesquisas desenvolvidas ao longo de sua formação acadêmica. A partilha trouxe à tona as particularidades de diferentes sujeitos em seus contextos locais, culturais e históricos, mostrando como, apesar de suas diferenças, indígenas e surdos compartilham vertentes igualitárias em termos de negação e exclusão, uma realidade que persiste historicamente.
A análise proposta sinaliza para o fato de que a surdez e a cultura indígena têm sido, e ainda são, excluídas, desrespeitadas e silenciadas em seus aspectos linguísticos, culturais e identitários. Assim, a interface entre a experiência surda indígena e a perspectiva intercultural oferece uma oportunidade para que esses indivíduos, muitas vezes silenciados em suas culturas e alijados por suas diferenças, possam reinventar suas vidas e dar novos significados às suas histórias. Além disso, as interações linguísticas e as estratégias comunicacionais desenvolvidas entre surdos indígenas e surdos ouvintes surgem como uma resposta às necessidades comunicacionais, mas essas estratégias frequentemente não se conectam semanticamente com a Língua Brasileira de Sinais (Libras), refletindo uma abordagem funcionalista que não prioriza as particularidades culturais e identitárias dos indivíduos envolvidos.
Em relação à educação indígena voltada para surdos, Thaianny Dias destacou as muitas barreiras estruturais e humanas que ainda existem, principalmente no que diz respeito à formação de professores para o atendimento educacional especializado e à organização da prática pedagógica. Além disso, a ausência de profissionais bilíngues em muitas aldeias e a postura familiar que, muitas vezes, nega ou desconhece a diferença dos filhos surdos indígenas, apontam para uma desvalorização e desrespeito contínuo à identidade e às particularidades desses indivíduos.
Assim, a aula proporcionou um rico espaço de reflexão sobre os desafios e as possibilidades de uma educação intercultural e inclusiva, especialmente no contexto das Amazônias, e contribuiu para o aprofundamento dos diálogos sobre a educação especial e inclusiva na região.