Para fechar com chave de ouro, a disciplina “Línguas indígena no Brasil”, a professora Flávia Lisboa e seus alunos receberam, nesta sexta-feira(25), o aluno da Faculdade do Campo, Bekroiti Xikrin, que ministrou para seus colegas de turma, o minicurso, “A presença indígena na Unifesspa: Língua e cosmologia Xikrin”.
Para Flávia, o objetivo do minicurso foi valorizar e dar visibilidade à presença indígena dentro da universidade e desta forma, promover o protagonismo destes sujeitos, fazendo circular as diferentes formas de organizar e falar palavras e mostrar a Unifesspa como um território multilíngues. Existe termos que não existem, como por exemplo, os cumprimentos como “bom dia, boa tarde e boa noite”. “A língua é parte da Cosmologia, é mais do que a forma como se comunicam através das palavras, é uma forma de pensar, de significar as coisas e de ver o mundo”, explica a professora.
O servidor Junior Gleysson, coordenador da Integração Estudantil (ProEx), acredita que seu papel vai além de cuidar da permanência, do auxílio e das bolsas direcionadas aos indígenas. “Participar e conhecer como eles vivenciam a Unifesspa, agrega muito ao meu trabalho”, comenta. Para o aluno indígena da etnia Gavião, Konkrati Joprara kokaproti, eventos como este são uma oportunidade de apresentar sua língua, seus costumes, a forma de ver o mundo. Nascida em Amapú, Carla Veloso, aluna do curso de Letras e Linguagens (Fecampo), veio a conviver com indígenas somente quando entrou na universidade. “Venho de um lugar onde os indígenas foram invisibilizados. A relação deles com os anciões, os mais velhos, é algo que me encanta na cosmologia Xikrin. Já para o aluno Ceará do Pará, ver o povo do seu país falar uma língua que ele não entende, é muito interessante. “Falar inglês não deveria ser tão importante no nosso país. Eu quero ver as pessoas falando Xinkrin, Tupi”, declarou emocionado.
Para os presentes, o evento celebrou mais do que o fim de uma disciplina, ele reuniu kupens(não indígenas), quilombolas, indígenas de outras etnias, irmanados num mesmo movimento: tornar a nossa universidade um lugar de acolhimento, respeito e visibilidade para os povos originários.
Texto: Ascom Unifesspa