SHOW MAIRI – O ESPÍRITO DO TEMPO
COM ALLAN CARVALHO, LUIZ CLAUDIO FARIAS E CONVIDAD@S
MAIRI – Território dos Tupinambá e dos povos Tupi. É uma denominação silenciada pela colonização europeia. A região abriga atualmente os estados do Pará, Amapá e Maranhão.
A partir da pesquisa do Grupo de Estudo Mediações, Discursos e Sociedades Amazônicas (GEDAI/UFPA), um coletivo de artistas e pesquisadores paraenses vem desenvolvendo mostras diversas para divulgar outras veredas de nossa História. Assim, a presente mostra musical faz um recorte de narrativas destas pesquisas para remexer a história desta região que atualmente é denominada Belém.
Antes da chegada dos europeus, viviam nessa região, os senhores do litoral, como assim eram conhecidos os povos Tupinambá, os primeiros indígenas que foram violentamente, assassinados, silenciados e perseguidos pelos colonizadores.
No final do século XVIII, na Amazônia, grande parte dessas populações foram forçadamente transformadas em escravos ou nas pessoas empobrecidas que passaram a viver nas periferias das cidades. Um outro contingente, adentrou a floresta e reinventou outras formas de vida, bem distante da violência do sistema colonial.
A coordenadora do GEDAI/UFPA, Ivânia dos Santos Neves, destaca que “mais de quatro séculos depois, quando olhamos os corpos paraenses, sem muita dificuldade vemos a memória ancestral viva dessas sociedades. Da língua Tupinambá, hoje compreendida como Nheengatu, vieram os nomes de nossas frutas, de nossas comidas típicas, de vários nomes de lugares, como Pará, Guamá e tantas outras localidades espalhadas pela região que insistem em expressar a resistência que chega até nós, agora, e já não quer mais ficar nas sombras”.
Assim, complementa “vamos propor a reativação dos saberes indígenas que foram duramente silenciados, mas que resistiram, se transformaram, se reinventaram e se insurgem no sentido de descolonizar o céu, os corpos, a história, as artes a língua e a cidade. Visibilizar Mairi é inscrever uma outra cosmologia na nossa região, são outros possíveis, é pluralizar o contemporâneo”.
Na primeira parte do programa desta noite, o Espírito do Tempo é fio narrativo que vem nas canções e traz as reconexões entre as obras desses artistas e, principalmente, a história de seus lugares. É ainda mais oportuno o mote deste reencontro, pois também chama a atenção para giro da História que trouxe de volta o raríssimo manto tupinambá que estava na Dinamarca e foi recentemente devolvido ao Brasil. A peça está agora em nosso Museu Nacional, no Rio de Janeiro. O artefato ancestral estava em um museu de Copenhague há mais de três séculos. Não se trata de uma obra de arte, de um mero objeto e, sim, de uma história viva sobre o povo Tupinambá. E é muito positivo ainda linkar neste show o lugar das ancestralidades, da arte e do papel da academia como agregadora das multivozes além da ciência.
O evento também faz parte da culminância do VI DCIMA (Colóquio Internacional Mídia e Discurso na Amazônia), um encontro acadêmico encabeçado pelo grupo de pesquisa GEDAI (UFPA em parceira com UFMA) que acontece entre os dias 18 e 20 de setembro, na Universidade Federal do Maranhão, no Centro de Ciências Humanas, que traz o tema de grande importância na atualidade: “Mudanças Climáticas e Oralidades Pan-Amazônicas”. Link para mais informações e inscrição: https://eventosufma.wixsite.com/vi-dcima
PROGRAMA – MOSTRA MUSICAL
- ABERTURA:
1 – O ESPÍRITO DO TEMPO | Instrumental (Allan Carvalho) – duração: 06 min 30 seg.
2 – COMO SURGIU A NOITE (Allan Carvalho e GEDAI) – duração: 05 min.
3 – PIRACEMA (Allan Carvalho e GEDAI) – duração: 05 min.
4 – O FINO OURO (Allan Carvalho) – duração: 05 min 30 seg.
5 – RODOPIADO (Ronaldo Silva) – duração: 05 min 45 seg.
6 – MAIRI (Allan Carvalho e GEDAI) – duração: 06 min 30 seg.
- CONTINUAÇÃO:
– Composições das discografias de Allan Carvalho e Luiz Cláudio Farias
– Participações especiais de Anna Cláudia, Ronaldo Pinheiro e Gerude.
FICHA TÉCNICA:
Músicos:
- Allan Carvalho – Voz e Violão.
- Luiz Claudio Farias – Voz e Percussão.
SINOPSE – COMPOSIÇÕES:
1 – O ESPÍRITO DO TEMPO | Instrumental (Allan Carvalho)
- A vida traz em si o espírito dos ciclos. Tudo tem “início, meio e início”, como declarou o pensador quilombola Nego Bispo. As sociedades indígenas trazem também este pensamento como espírito matriz. Somos todos natureza, terra, água, ar. Para abrir a nossa mostra musical, destacamos esta composição que vai narrar com a sonoridade da floresta o trajeto de nossas vidas no tempo, as partidas, as reconexões e o no fluxo que sempre seremos.
2 – COMO SURGIU A NOITE (Allan Carvalho e GEDAI)
- A partir de uma narrativa sobre a origem indígena do Rio Tucunduba, foi composta esta canção. Hoje sabemos que este patrimônio das águas da cidade de Belém vem sendo, aos poucos, transformado e poluído. Mas, ainda hoje, faz sentido na vida dos moradores dos territórios por onde passa. É a ancestralidade que segue silenciosamente pelas águas. Aqui, em forma de canção.
Tucumã era um lote de terra
Um perímetro Tupinambá
Tucunduba não era perifa
Era casa da cobra real
Mairi era dia após dia
E a noite dormia nas águas
Num caroço de um tucumã
Sob as asas da cobra real
A filha dela virava noiva
Do filho do velho cacique
Eles queriam virar a noite
Viver o amor em terra firme
Ela abria que a noite vinha
Das asas da cobra real
Ele chamou seus três amigos
Pra ir no fundo Tucunduba
Eram os três no reino das águas
Com a rainha matriarca
Era segredo que reluzia
Do caroço que guardava
Todo um universo se perderia
Caso abrissem desta guarda
Desse caroço veio o desejo
De ver a noite, enfim, raiar
Rasgou um breu
Fez a terra toda descansar
O mundo viu a primeira noite
Do fundo do Tucunduba
Do caroço de um tucumã
3 – O FINO OURO (Allan Carvalho)
- Aqui seguimos narrando as resistências de outras “MAIRIS”. Este território deu abrigo e abraços a várias sociedades de outros mundos e que agora somos uma mesma comunidade que resiste para manter as ancestralidades respeitadas em suas trajetórias. Esta canção é um clamor do povo negro brasileiro que, mesmo com tamanha violência vivida até hoje, responde com flores da sabedoria, com arte!
4– RODOPIADO (Ronaldo Silva)
- Ainda sobre outras MAIRIS, a presente canção é uma narrativa que olha do estreito das veredas da mata, para tocar a ferida das violências do homem do campo e do ribeiro. O poema é um presente do Mestre Ronaldo Silva a cultura amazônica e nos convida a resistir pela palavra, pela militância de sua arte.
5 – MAIRI (Allan Carvalho e GEDAI)
- Esta canção é parte do “início, do meio e do início” que anunciamos na abertura desta mostra. É recomeço sempre! Narra-se aqui como se deram os silenciamentos das nossas sociedades indígenas, especialmente a Tupinambá, até ressurgimos com as mesmas penas dos guarás (que são a plumagem divinal do Manto), numa nova revoada de nossa história, desta Mairi que aqui insurge.
5 – MAIRI (Allan Carvalho e GEDAI)
- Esta canção é parte do “início, do meio e do início” que anunciamos na abertura desta mostra. É recomeço sempre! Narra-se aqui como se deram os silenciamentos das nossas sociedades indígenas, especialmente a Tupinambá, até ressurgimos com as mesmas penas dos guarás (que são a plumagem divinal do Manto), numa nova revoada de nossa história, desta Mairi que aqui insurge.
Letra:
Penas de Guará
O manto Tupinambá
Templo de Maíra
Mair, Mairi-monan
A cruz de Belém
A ordem do amém
A lei veio lá de além-mar
Sem eira nem bem
O berro do mal
No peito Tupinambá
Ancorou a croa, o rei
O latim vulgar, ruim
E cortou as asas do Guará
De Mairi-pochy
Acordou Maíra em mim
O que resistia aqui
No perau, no breu
Do reino desses rios
Da voz Tupi
E do barro dessas águas
Abrem asas encarnadas
Revoadas de araras
De guarás de Mairi
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