No dia 16 de dezembro de 2024, Cristiane Oliveira, doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal do Pará (PPGL/UFPA) e integrante do Gedai, qualificou a tese intitulada “Entre dispositivos coloniais e resistência: narrativas sapatão no Brasil e a ressignificação da Matinta Pereira na Amazônia. A banca de qualificação foi presidida pela profa. Dra Ivânia dos Santos Neves (PPGL/UFPA) e teve como arguidoras a profa. Dra Gabriela Guimarães Jerônimo (UEMASUL) e a profa. Dra Luisa Elvira Belaunde Olschewski (Universidad Nacional Mayor de San Marcos/Peru).
Cristiane Oliveira faz parte do coletivo “Sapato Preto” e está desenvolvendo uma tese comprometida com a causa LGBTQIAPN+. A pesquisa examina o surgimento e a popularização do enunciado “sapatão” e as trajetórias históricas das mulheres homossexuais, focando nas vivências dessas sujeitas ao longo de períodos específicos da história brasileira, incluindo o período colonial, a ditadura civil-militar e a contemporaneidade. Um ponto central da pesquisa é a análise da interseccionalidade que recai sobre o corpo da mulher sapatão.
Nesse contexto, é evidenciada a sexualidade indígena no período colonial, mostrando como as relações homoafetivas foram criminalizadas e perseguidas em um contexto de colonização heteronormativa. Durante a Inquisição, essas relações foram religiosamente condenadas e perseguidas sob o argumento do pecado da sodomia.
Por fim, a pesquisa explora a resistência frente a uma sociedade forjada e movida pelo dispositivo colonial que valoriza o corpo cisheteronormativo em detrimento dos outros corpos que não se encaixam nesse padrão.