Trata-se de uma proposta que visa analisar a diversidade de línguas anunciada pelo Pe. Antônio Vieira em sermões e correspondências oficiais, em especial, as materialidades que apontam o desconhecimento das “línguas da terra” como o maior empecilho para a ampliação da fé nas missões do Maranhão e do Grão-Pará. Para tanto, considero o arcabouço teórico-metodológico de Michel Foucault no quadro dos estudos discursivos (2006; 2016a; 2010a; 2010b; 2010c) e da Linguística Colonial (SEVERO, 2013; 2016; MARIANI, 2016). Almeja-se, com este artigo, também repensar a constituição de um regime de gerenciamento linguístico à época da invasão do território brasileiro e, ao mesmo tempo, refletir sobre as condições de possibilidades históricas as quais nosso patrimônio linguístico foi discursivizado a partir de uma matriz de poder instituidora de um governo da língua europeu na Amazônia. Considera-se, por fim, a complexidade da experiência colonial, o que significa que determinados conflitos linguísticos produziram também a emergência de várias tensões discursivas as quais atravessam, de certa maneira, o movimento cabano e a constituição de nosso idioma.
PALAVRAS-CHAVE
Contatos linguísticos; Dispositivo; Estudos foucaultianos; Colonização.
Disponível em: https://revistas.ufrj.br/index.php/policromias/article/view/29902