Sua primeira definição está associada à tradição europeia e vai contribuir para a construção de um sistema de verdades baseado na superioridade europeia e na inferioridade dos povos colonizados. Dentro dessa lógica da colonização, existiriam apenas dois universos, aquele estabelecido pela Bíblia, a princípio, e um segundo descrito pelos cientistas europeus.
Embora entrem em conflito com certa frequência, essas referências de universo espraiadas pela colonização europeia se institucionalizaram como dois lados da moeda de uma mesma verdade: a religião e a ciência ocidentais. Um universo que se organiza a partir de uma única temporalidade, antes e depois de Cristo e só reconhece como legítimas as suas formas de compreender a vida.
Na verdade, esses dois universos estabelecidos pelos europeus remetem a sua cosmovisão, à forma especícica como eles e seus descendentes se compreendem no universo, baseada em seus conhecimentos, suas crenças, seus desejos.
Os povos da América e de outros continentes sempre tiveram compreensões singulares do que significa o universo. Não se pode afirmar, como fizeram os europeus, que existe apenas uma verdade sobre as formas de vidas e as formas de se compreender a vida nesse planeta. Existem diferentes universos culturais e diferentes cosmologias.
Quando olhamos para o céu e identificamos as constelações Tembé, fazemos um exercício de pluralidade cultural. Trata-se de um universo singular, com suas próprias normas de conduta, suas preferências, suas interdições, seus desejos, a cosmovisão Tembé. Para compreender essas especificidades, é necessário conhecer como os próprios Tembé estabelecem sua cosmovisão, para não corrermos o risco de impor o nosso olhar ocidental e apagar os saberes desse povo.
Cosmologia é o estudo das difentes cosmovisões. A princípio, foi o estudo da cosmovisão europeia, mas hoje representa também o estudo das cosmosivões indígenas, africanas, asiáticas, enfim, a forma de conceber e compreender o universo a partir do ponto de vista de um povo.